A História da Igreja de São Sebastião

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A História da Igreja de São Sebastião

Por: Dorival de Lima Martins Junior 


A devoção à São Sebastião no bairro teve, provavelmente, início no mais tardar do século XIX, por volta de 1870. Com o crescimento do povoado e surgindo a necessidade de um local de devoção que acomodasse os moradores ao entorno da pequena capela, por volta do início do século XX iniciavam-se os esforços de construção de um templo maior consagrado à São Sebastião. Pedro Tiago Franco Martins, (falecido em 1962 com 86 anos), foi zelador da Igreja desde 1904. Ele e seu cunhado José Nunes trabalhavam na região como lavradores; ambos comandaram a construção da Igreja do povoado, feita de taipa de pilão. 
A primeira parte erguida foi a nave central, onde se encontra a capela-mor, e a lateral esquerda, onde se situa o altar de Nossa Senhora do Rosário. Foi dada por concluída no ano de 1904. Acredita-se que seja verdade, pois o centenário da Igreja deu-se em 2004, (sabendo que a Igreja se deu por acabada oficialmente em 1928). Teve então como primeiro zelador um de seus fundadores Pedro Thiago, quem teria doado o terreno para a construção da Igreja. 
A segunda parte a ser feita seria acrescentada a lateral direita, onde se encontrava a capela do Bom Jesus (atualmente capela do Santíssimo Sacramento). Não se sabe dizer ao certo a data de início, ou de término, mas provavelmente a ampliação foi concluída em 1915, pois em 1916 deu-se a benção da Igreja. Provavelmente é por volta deste ano em que os taipeiros consideram o termino da obra.
Depois da construção restava então na Igreja uma decoração especial. É chamado para a decoração da Igreja, José Benedicto da Cruz (J.B.C.), popularizado pelos apelidos ganhados pelos seus trabalhos de pintor, pedreiro, santeiro, etc. Ficou conhecido pelas alcunhas de: Zé pintor, Zé pedreiro, Zé Correia, Zé louco (por ter enlouquecido no final de sua vida), e finalmente como era conhecido no bairro de São Sebastião Zé Santeiro. O Santeiro, que nessa época trabalhava na Matriz de Salesópolis, já havia trabalhado em São Sebastião, tendo tintado um frontão em 1909. Provavelmente iniciando o trabalho após a conclusão da primeira fase de construção do templo. JBC foi procurado para decorar a Igreja, sabendo de sua fama excelente artista e de um bom pedreiro, por seu trabalho anterior já era conhecido dos moradores locais. Zé Santeiro fez o acabamento da Igreja e a decorou artisticamente.
Em sua estadia no bairro foi chamado a ser padrinho de crisma de José de Lima Martins. Filho primogênito de Pedro Thiago Franco Martins, José Martins (conhecido como Zé Martins) foi zelador da Igreja durante mais de cinco décadas. Veio a falecer em 2011 com 104 anos. A decoração foi feita em etapas, a pintura da Igreja foi concluída por volta de 1923. No forro da capela-mor encontra-se escrito: “20 de junho de 1919. José Benedicto da Cruz.” Foi Provavelmente o termino da primeira etapa, que duraram quatro anos, pois o trabalho foi dobrado para Zé Santeiro, que o dividiu com a Igreja Matriz da Taiaçupeba, a de Santa Cruz, onde terminou a decoração primeiro, aos 12 de janeiro de 1918. 
Por volta de 1922, Zé Santeiro volta a morar no bairro de São Sebastião com os dois filhos e a mulher. Então o Santeiro volta a trabalhar dedicando seu tempo somente a Igreja do bairro. Inicia-se aí a segunda etapa da pintura. Acredita Eduardo Etzel que nessa época o Santeiro fez e pintou os dois altares laterais da nave, nos cantos do arco do cruzeiro. Por muito tempo no altar lateral esquerdo (do Sagrado Coração) ficou o Tabernáculo do Santíssimo (Sacrário), que foi levado para o altar do Bom Jesus sob ordem do padre Sérgio Luiz da Rocha Silva por volta de 2006. 
Provavelmente, esta segunda etapa durou um ano, terminando por volta de 1928, apenas com a conclusão da fachada, que acredita-se ser de autoria de JBC, em sua labuta como pedreiro. Acredita-se que esteja correta esta sequência, pois a imagem de São Pedro, que se encontrava na Igreja tem gravado os seguintes dizeres: “29 de maio de 1923 JBC.” A imagem de São Pedro e do Divino Espírito Santo de autoria á Zé Santeiro (J.B.C.) foram furtadas juntamente com outras duas imagens antigas, a de Santo Ângelo e de São Sebastião da serie paulistinha feita de barro por volta da segunda metade do século XIX, adquirida em São Miguel Paulista. 
Outra imagem, remanescente da época, também de autoria do santeiro JBC, em posse da dona Sebastiana Maria Martins (nora de Pedro Thiago) data de 1925. Trata-se de uma imagem de São Sebastião de terracota. A data contribui com a hipótese de que Zé Santeiro tenha trabalhado no bairro até 1928, quando é data por concluída a construção da fachada da Igreja. 
Depois do término da decoração feita por JBC (Zé Santeiro), a Igreja passa por uma ampliação da nave, onde se acrescenta um coro e uma torre. A data de inicio não se sabe ao certo, e, provavelmente, foi quem JBC quem comandou esta ampliação, dada por término em 1928, como vemos na fachada da Igreja. Desde esta época a Igreja seguia intacta, até sofrer com o caso do reboco em 2016, porém, foi devidamente restaurada e mantém-se bem preservada. A igreja de Santa Cruz, passou por uma restauração da decoração de Zé Santeiro, em 1988, na qual se perde um original de José Benedicto da Cruz.
 A pintura da Igreja de São Sebastião permanece quase intocada nestes 100 anos de história, exceto pela intervenção desastrosa em 2016, onde o Arco do Cruzeiro teve de passar por uma restauração. As pinturas seguem conservadas por seus fieis, e assim é que a Igreja permanece com mais de 100 anos de historias para contar. 
Uma fato curioso é que por vários anos, antes da cidade de Mogi das Cruzes ter uma diocese (instituída em 1964), muitas das igrejas mais antigas, como a de Taiaçupeba (inclusive a de São Sebastião), pertenciam a Ordem dos Carmelitas, da igreja de Nossa Senhora do Carmo em Mogi das Cruzes. O ultimo vigário carmelita foi o Frei Marcelo Juurlink O. Carm.. Com a criação da diocese de Mogi das Cruzes em 1962 é que foi criada a paróquia de Santa Cruz da Capela do Ribeirão.

2 Comentários

  1. Lindo a história.Parabéns Dorival de Lima Martins Júnior até me emocionei em ler e ver o quanto o meu avô José de Lima Martins foi importante para a Comunidade de São Sebastião.

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  2. Obrigado Fabiana, José de Lima Martins (meu tio avô) foi um grande nome na história desta Igreja, por durante anos zelou e cuidou desta Capela, ele não somente é importante, como faz parte da história da Comunidade.
    Dorival Junior - Comunidade São Sebastião

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